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7 de março de 2006

Memórias de um bairro esquecido


O que hoje falta na região - terrenos disponíveis - era abundante até algumas décadas atrás. Apesar de pouco povoado, Guaianases era um centro produtor e abastecia outros bairros paulistas com flores, uvas, telhas e tijolos.

O primeiro bar, a primeira farmácia, a chegada do bonde, os tempos em que Tarzan estreava no cinema-mudo e em que o professor ia de casa em casa buscar crianças em idade escolar. Aos 87 anos, todos eles vividos em Guaianases - desde o tempo em que a região era conhecida apenas como Lageado - , o contador João Radiante representa a memória de um bairro esquecido pelo resto da cidade.

Radiante é filho de imigrantes italianos da região da Toscana, que chegaram a Guaianases levados pelos trilhos da Estrada de Ferro do Norte no final do século XIX. Aliás, os imigrantes contribuíram muito para o desenvolvimento da região, em especial italianos e alemães. Entre os sobrenomes mais tradicionais - facilmente nomeando ruas e praças - estão Thadeo, Gianetti, Diório, Pucci, Calabrez e Prandini.

O que hoje falta na região - terrenos disponíveis - era abundante até algumas décadas atrás. Apesar de pouco povoado, Guaianases era um centro produtor e abastecia outros bairros paulistas com flores, uvas, telhas e tijolos. “A nossa chácara era a maior produtora de uvas da época”, lembra Radiante sobre o negócio conduzido pelo avô. As telhas e tijolos da olaria de outra família de imigrantes enchiam de 10 a 18 vagões de trem todos os dias com destino ao Brás e à Mooca.

O primeiro bar do bairro foi aberto por Radiante em 1938 em frente à estação de trem. Alguns anos depois, Radiante deixou o negócio para um de seus primos e desbravou o campo da contabilidade. “Fui durante um longo tempo o único contador daqui. Eu cuidava de 48 firmas”, lembra. O escritório segue a passos firmes, tocado hoje por um sobrinho.

Livre dos problemas da empresa, João Radiante se preocupa agora em organizar as fotos e documentos que guardou ao longo de tantas décadas para escrever um livro sobre a imigração italiana no Brasil. O bairro, por sua vez, não foi tão preservado quanto a memória dos imigrantes. Extensamente povoado a partir dos anos 80, hoje lembra muito pouco as fotos da infância de Radiante, onde a vegetação dominava a cena. “Mas eu não saio daqui. Esta é minha terra”, afirma.

Fonte: http://www.prefeitura.sp.gov.br/portal/a_cidade/noticias

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